domingo, 5 de dezembro de 2010

Umbanda Omolokô

Os orientais são entidades cultuadas na Umbanda Omolokô,  que vieram ou tem ligação muito forte com o Oriente, alguns são mesmo orienteis outros não. Se dividem em várias falanges, das quais muito poucas são conhecidas. São várias entidades, como eu já disse, nem todos são orientais, alguns se apresentam como caboclos e pretos velhos. São muitos, e existem líderes para cada falange, como Caboclos Timbirí, caboclos japoneses, Pai Jacó (Jacob do oriente),preto-velho muito versado na Cabala Hebraica, e Caboclo Pena do Pavão,entidade que trabalha com espíritos de linha indiana.
A linha oriental fora muito forte nos anos 1950 e 1960, quando aqui veio muitos chineses pela imigração, foi quando também as tradições budistas e hindus afloraram mundo a fora, há nesta linha ainda espíritos ciganos de origem oriental, porém, aconteceu de esses espíritos ciganos comporem uma só linha da Umbanda, ( ver página “ciganos”), como já sabemos os ciganos hoje tem uma parcela significativa no corpo do Omolokô, os ciganos compõem uma própria linha com cultos e ensinamentos diferentes.
Pai Jacob do Oriente

Algumas características

Os orientais gostam de receber as oferendas em campinas descampadas, praias desertas e matas, além de receberem em santuários ou congás domésticos e jardins reservados, as falanges são essas:
Falange dos indianos: é a falange que demonstra o caminho pela espiritualidade, como os indianos esses espíritos possuem grande vocação religiosa, é formada por antigos espíritos de mestres, sacerdotes, iogues, etc. É chefiada por Pai Zartu, uma de suas divindades mais conhecidas é Ramatis. Como são antigos, são cheios de doutrina, disciplina e sabedoria.
Falange dos árabes e turcos: São espíritos guerreiros e aventureiros, espíritos de mouros, califas, sábios marroquinos, guerreiros nomâdes do deserto (tuaregs), há mestres judeus que dentro da Umbanda ensina a misteriosa doutrina da Cabala, e recentemente mestres turcos que começaram a ensinar os mistérios do Sufismo, é chefiada por Pai Jimbaruê, não ofereça nunca bebida alcóolica para eles, muitos são muçulmanos.
Falange dos chineses e mongóis: São espírtos de chineses, mongóis, tibetanos, japonese, etc. Esses espíritos japoneses são considerados caboclos e caboclas, alguns dizem que são gueixas, samurais e ninjas. Nesse grupo trabalha curiosamente os esquimós, que são espíritos que conseguem direitinho tirar demandas de feitiços de magia negra, estão sobre a chefia de  Pai Ory do Oriente. São muito invocados para situações muito graves.
Falange dos europeus: Como aparenta ser esses espírtos não são orientais mas esta linha do Omolokô, é muito sincrética, são espírtos para vencer a luta do cotidiano, aluta diária, são espíritos de sábios, guerreiros e magos, velhos,etc. São em sua maioria dos povos gauleses, romanos, escandinavos, ingleses, etc. Chefiada por Imperador Marcus I.
Falange dos egipcíos: Espíritos de magos, sacerdotes, sacerdotisas, reis e guerreiros, do Antigo Egito, pouco conhecida, chefiada por Pai Inhoaraí.
Falange dos maias, incas, toltecas: São espíritos de velhos, guerreiros, magos e sacerdotes, dos povos pré-colombianos, que habitavam a América antes dos colonos, que pertencem aos maias, astecas, toltecas, incas, etc. São para guia espiritual, tem ainda espíritos apaches e xamãs, chefiada por Pai Itaraiaci.
Falange dos médicos e sábios: Os seres desta falange são especializados na atre da cura, e de outras terapias medicinais, são de diversas origens, etnias, povos, etc. Está por chefia de Pai José de Arimatéia.


Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com

História de VOVÓ MARIA CONGA DA BAHIA

Quem não fez caridade?
Vovó Maria Conga da Bahia
Em 30/05/2008 - Médium Mãe Iassan
Dirigente do CECP - Centro Espiritualista Caboclo Pery

Era dia de sessão e como sempre Marcelo chegou na parte da manhã para fazer algo que amava, limpar o terreiro. O dia mal amanhecia e ele já pulava da cama, contente e feliz pela oportunidade de ser útil.
O silêncio do terreiro vazio o tranqüilizava. A empresa que ele trabalhava vinha atravessando sérios problemas e essa semana havia sido em especial desgastante, as demissões prometidas haviam começado. Ver colegas de trabalho, chefes de família serem demitidos o deixou muito tenso e entristecido, mas tal qual passe de mágica tudo isso ficou além do portão de entrada do terreiro. Era dia de gira e ele estava feliz novamente! Sabia que suas energias seriam repostas para enfrentar mais uma semana dura de trabalho. Ele não tinha obrigação de fazer isso, mas fazia porque sentia prazer e alegria, e gostava de ir cedo justamente para poder ficar sozinho e limpar tudo no seu ritmo. Não fazia isso para "aparecer", como alguns diziam e pensavam, mas porque gostava de trabalhar sozinho.
Começou a faxina. Lavou o chão, regou plantas, lavou banheiros, tirou poeira das imagens, limpou os ventiladores e enquanto fazia a limpeza, cantarolava pontos dos orixás. Conseguiu ficar com a mente vazia.
Quando estamos fazendo algo que gostamos nem sentimos o tempo passar e a hora corria célere. Deu-se conta disso quando seu estômago "roncou" de fome. Olhou para o relógio do terreiro e viu que já passava do meio dia. Triste por não ter dado tempo de limpar os vestiários pensou que algum irmão da corrente poderia fazê-lo quando chegasse.
Assim, trancou o terreiro e foi para casa.
Lá chegando tomou um bom banho, almoçou e deitou-se no sofá da sala para tirar uma soneca, pois sentiu que seu corpo precisava. Dormiu.
No terreiro a movimentação de pessoas se intensificava. Duas médiuns que chegaram mais cedo viram que o terreiro estava limpo, mas que os vestiários não estavam. Sem pronunciar palavra, pegaram vassouras e rodos e começaram a limpeza. Francisco chegou bem na hora em que isso acontecia. Olhou de rabo de olho e falou:
- É isso que eu vivo falando! Se não pode ou consegue fazer tudo é melhor não fazer nada, assim já sabendo disso chegamos com disposição prá limpar o terreiro. Agora que estou de banho tomado e pronto prá sessão vou ter que me sujar lavando banheiro de médium.
Catarina, uma das médiuns que estava limpando retrucou:
- Não precisa Francisco. Eu e Iolanda damos conta do recado. Eu trouxe toalha de banho e roupas limpas para trocar depois da faxina. Eu já imaginava que o Marcelo na iria conseguir limpar tudo na parte da manhã como ele gosta, até porque ninguém consegue sozinho, por isso chegamos cedo e trouxemos roupa.
- Mas ele podia ter avisado... Fala Francisco, contrariado com a disposição de Catarina.
- E você podia ter previsto! Solta Iolanda, já cansada das reclamações de Francisco.
Catarina faz um sinal para Iolanda, pedindo que fique quieta, mas Iolanda sacode a mão no ar em sinal de contrariedade.
Francisco tenta esboçar alguma reação, mas é interrompido com a chegada de outros médiuns. Assim resolve ir trocar sua roupa, resmungando em pensamento. Vai para o vestiário masculino. Ele está irritadíssimo. Começa a tirar a roupa profana. Ao pegar da sacola de roupa, deixa cair o jaleco no chão que ainda está molhado em função de recente limpeza. O sangue sobe e fica vermelho de raiva. Pega o jaleco no chão e vê o "estrago" e pensa: "Ainda por cima serei chamado atenção porque o jaleco ficou amarrotado e sujo, droga!"
Enquanto isso, Carolina e Iolanda terminam a limpeza. Quase todos os médiuns já chegaram e elas vão tomar banho e se prepararem para a sessão. O portão é aberto permitindo assim a entrada da assistência.
O Pai Pequeno percebe que o Francisco não está no seu posto que é junto ao portão recebendo e orientando as pessoas. Pede que outra médium tome o seu lugar e vai a procura de Francisco. O encontra dentro do vestiário, sentado no banco do seu preto velho, ainda roxo de raiva. Percebe ao seu lado uma companhia invisível sugando-lhe as energias e irradiando sentimentos de raiva e ciúme. A energia é tão densa que até quem não é médium vidente podia ver. Respira fundo, pois essa não é a primeira vez que acontece. Francisco olha para o Pai Pequeno Osmar com os olhos injetados e dispara:
- Não posso entrar para a sessão. Olha o estado do meu jaleco. Está imundo!
A essa altura o jaleco já havia até secado no corpo de Francisco e nem parecia sujeira alguma, pois caíra em água limpa, só que em função da sua irritação e da companhia que estava agarrada ao seu perispírito ele não percebera isso.
Osmar olha o jaleco e diz:
- Do que você está falando Francisco? Não tem nada no seu jaleco. Ele está limpo!
Francisco olhou para o jaleco, mas a sua visão estava deturpada em função da atuação nefasta do trevoso que o sugava e sugestionava, assim, ele viu sujeira física onde tinha sujeira espiritual. Na sua visão o jaleco estava praticamente todo sujo amarronzado. Olhou novamente para o Pai Pequeno sem acreditar no que ouvira e dispara novamente, dessa feita já perdendo o respeito pelo Pai Pequeno:
- Será que você está cego? Se você considera isso limpo imagino como é a sua casa!
Percebendo o objetivo do espírito que acompanhava Francisco, Osmar respira fundo e usando de sua autoridade de Pai Pequeno diz com energia:
- Francisco! Tenha paciência! Você é médium antigo da Casa e me conhece muito bem. Se sua roupa estivesse suja eu seria o primeiro a dizer. Portanto, pare de palhaçada e entre já para o terreiro. Fique lá dentro e peça a Zambi, aos Orixás e entidades que tire do seu coração esse sentimento ruim. Firme seu Anjo da Guarda. Limpe-se interiormente, pois se tem alguma coisa suja aqui é o seu coração e pensamento.
Ao ouvir o tom de voz de comando de Osmar, Francisco se levanta em silêncio, lava o rosto, penteia os cabelos e vai para dentro do terreiro. Nesse instante, o espírito que o acompanhava afasta-se, e Francisco lembra-se que nem havia "batido cabeça" no gongá. Reza para o seu Anjo Guardião e sente um alívio no peito. Olha para o seu jaleco e vê que está limpo.
O Pai no Santo entra no terreiro e dá o sinal de que a sessão vai começar. Percebe a ausência de Marcelo e pergunta a Osmar se ele sabe onde Marcelo está. Osmar que diz que Marcelo veio na parte da manhã limpar o terreiro, mas que não havia chegado ainda. Na verdade o cansaço e o estresse da semana havia tomado conta de Marcelo e a egrégora da Casa aproveitou a oportunidade do sono dele para reenergizá-lo durante a gira.
A sessão tem início e transcorre normalmente. Francisco não estava bem para trabalhar na consulta e foi orientado por Osmar para cambonar Pai Joaquim, o preto velho que trabalha com Osmar.
Ao final das consultas, Pai Joaquim dá um passe em Francisco e diz:
- Fio, cada gira, cada sessão, cada consulta é oportunidade única de trabalho, de elevação e de aprendizado. Suncê hoje desperdiçou a oportunidade de ser vibracionalmente abraçado pelo preto velho que trabalha com suncê... E sabe por que? Por que ao invés de vir pro terreiro com o pensamento voltado e aberto para o aprendizado, veio pensando num jeito de desfazer a imagem positiva que o menino Marcelo tem de todos aqui dentro.
Sem graça com a colocação do preto velho, Francisco retruca sem pensar muito:
- Que isso meu velho? Eu não preciso disso e nem estava pensando nisso. Ele nem veio a gira hoje. Por que eu me preocuparia com ele, se nem veio fazer caridade?
Calmamente o preto velho fala:
- Não veio fazer caridade, fio? Então escuta atentamente esse nêgo véio. Se todos nós hoje pudemos pisar num chão e chegar num ambiente fisicamente limpo, foi graças ao menino Marcelo. Isso é caridade fio! E suncê? Fez o que? Falou mal dele, se desequilibrou, permitiu a entrada de um espírito trevoso no templo sagrado do seu corpo, desacatou o pai pequeno e não trabalhou com seu preto velho incorporado. Então fio... Responde com sinceridade prá esse nêgo véio: Quem não fez caridade?
Saravá Preto Velho!

VOVÓ CATARINA DE ANGOLA

Uma ferida na alma
Uma lacuna aberta na alma é como um precipício te leva a uma queda muito perigosa, a sua alma cai em tormento que pareci não ter fim, a sua volta há um vazio, embaixo o perigo e o medo do desconhecido por não saber o que á abaixo.
Assim é a alma ferida sensível dolorida e ainda corre o risco da ferida se alastrar e tomar conta de toda a sua alma, aí sim você é uma pessoa amarga, triste acha que falar da sua vida é um grande tormento você só fala na sua dor,suas tristezas; Acha que você é a única pessoa do mundo a sofrer,que engano!
Como você a tantos nesse mundo que suas almas estão totalmente tomadas pela ferida e outros que estão com uma ferida pequena e precisando de cuidado para não se alastrar.
Se está no precipício olhe para cima alguém esta com as mãos estendidas para você, irá te ajudar este alguém é DEUS (OXALÁ) ele cura a tuas feridas não importa de que tamanho ela seja,á ele importa que o ser humano venha até ele para que possa te dar nova oportunidade de vida e verás que esta lacuna que foi abeta em sua alma serviu para encontrar o caminho que te leva até o seu criador, no abismo mais profundo lembre-se á alguém lá em cima esperando para te dar as mãos.

O grito e o Silêncio
O silêncio nos diz tantas coisas, o grito quase nada. Comecei a pensar no silêncio são tantas perguntas e tantas respostas ou talvez nenhuma. Vamos falar do mestre Jesus, um homem que podia gritar aos quatros cantos deste mundo que era poderoso, magnífico, mas se reservava em gesto e poucas palavras, suas palavras eram de fé e alegria, jamais gritava, só falava o necessário e novamente o silêncio.
Certa vez aprendi que Jesus sofreu além do que eu imaginava foram dias e dias, noites e noites em silêncio, e me perguntava por que alguém com tanto poder se calava, por que sofreu e não reclamou; Por que na cruz enquanto todos gritavam e falavam, o Senhor estava em silêncio, por que não gritou Jesus, por que não gritou!
Novamente o silêncio. Comecei a pensar então, será que o silêncio é mais forte do que o grito? Será que nossas orações e preces têm sido feitas de uma maneira certa, serão que temos orado ou feito nossas preces aos gritos enquanto devíamos estar em silêncio? Então uma resposta em minha alma, pra que ouça um grito é preciso estar em silêncio, o silêncio é realmente mais forte que o grito, para que se ouça o barulho e ele apareça é preciso haver silêncio, Silêncio para que sua alma possa
ouvir o que diz Deus ao seu Coração!

Palavras de Vovó Catarina de Angola

História de Pai João de Aruanda


Médium Robson Pinheiro (Livro “Alforria”)

O novo século, meu filho, inicia com uma proposta para que os irmãos de fé considerem o que têm feito de sua espiritualidade. É também ocasião oportuna para avaliar o modo como cada um leva a vida espiritual. Não se fala em atualização? Pois bem, meu filho, é preciso atualizar os conceitos a respeito de religiosidade e espiritualidade. A fim de existir, o progresso necessita da constante reorganização dos pensamentos e da maneira de pensar, e conta com o fato de que os filhos de Deus, no caminho da vida espiritual, sigam as pegadas da evolução em todos os aspectos.
Aquela forma antiga de encarar sua relação com Deus e com a vida, tradicionalmente ensinada pelas religiões, já caducou há bastante tempo. E tem gente demais que paralisou o pensamento e o cérebro numa maneira ultrapassada de aprendizado espiritual. Há muito que novas idéias têm sido ventiladas no mundo, e, no entanto, vemos indivíduos cristalizados e endurecidos, como se um bloco de cimento contivesse suas faculdades. Pararam no tempo e prejudicam os outros e a si mesmos com esse jeito medieval de se relacionar com a espiritualidade.
É tempo de sair dos limites dos templos, meu filho, trabalhando em prol da idéia de uma comunidade planetária, global, e não partidarista.
A Terra está dando à luz um novo homem, que ressurge renovado pelas idéias progressistas e que derrubam barreiras engessadas pelo tempo. A crosta espessa formada pelos preceitos antiquados cede lentamente ante a chegada dessa nova geração de seres, que conquista espaço dia a dia no seio da civilização. Aqueles que não se atualizarem serão deixados de lado, postos à margem por força mesmo do avanço das idéias e da renovação de conceitos que já ventila o mundo.
Há necessidade de maior diálogo entre aqueles que momentaneamente se acham separados por imposição de diferenças doutrinárias, culturais ou sociais. Observa-se uma crescente aproximação entre minorias, historicamente rejeitadas e incompreendidas, e na maioria, que durante muito tempo acreditou – e, em alguns casos, ainda acredita – em sua superioridade e exclusividade. Ou seja, os excluídos estão sendo incluídos. Sabe meu filho, o mundo esta mudando. E você? Ainda teima em permanecer o mesmo?
Não é preciso pertencer ao mesmo grupo social, étnico, cultural ou religioso para viver em harmonia e com respeito. Podemos falar linguagens diferentes e, ainda assim, haver entendimento, quando existe amor, respeito, tolerância e diálogo.
Os espíritos que trabalham em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo inspiram todo empreendimento e todo avanço que visam eliminar as idéias sectárias e exclusivas, pois os homens precisam se aproximar mais uns dos outros. Em breve os guetos, o bairrismo e as bandeiras separatistas cederão, dando lugar à vivencia de uma espiritualidade comunitária e global, em que os filhos de Deus falarão a linguagem da fraternidade.
É o progresso da idéias, meu filho, que paulatinamente liberta o homem dos grilhões que o prendem ao passado e prepara os filhos da Terra para o encontro com os filhos das Estrelas. A Espiritualidade contempla a diversidade; é plural, comunitária, apartidária, enfim, inclusiva.
A mensagem espírita (ou seja, dos espíritos) auxilia os homens na dilatação de sua visão. O momento precioso pelo qual passa a humanidade mostra que é imperioso ver, ao invés de tão-somente enxergar. É necessário sensibilidade para perceber a importância da hora em que vivemos.
Para que violentar o outro, desejando que ele veja as coisas, se comporte, ou seja, como nós pensamos ou queremos? Podemos optar pelo desarmamento interior, pela pacificação de nossas almas mediante o esforço da convivência pacífica e respeitosa. Como pai-velho disse certa vez, podemos estar unidos sem nos fundirmos um no outro. É possível conservar cada um suas características, embora ligado e unificado ao próximo pelo sentimento do amor, pelo trabalho conjunto e pelo respeito às diferenças.
Sabe meu filho, a verdade é que somente ao vivenciar de forma aberta essas idéias renovadas é que vocês, seres humanos, poderão transformar a sociedade em que vivem, bem como a política vigente e suas conseqüências sociais. Só será possível uma transformação intensa e global quando vocês, filhos da nova revelação, deixarem de lado seus pontos de vistas pessoais, ainda que respeitáveis, e investirem num diálogo franco e aberto com quem quer que esteja sintonizado com a proposta de progresso, mas que não pensa como vocês. A isso alguns estudiosos do mundo dão o nome de diálogo inter-racial e religioso, que visa encontrar pontos em comum para a vivência de uma espiritualidade produtiva. Mas nego-velho não se refere àquela espiritualidade que fica somente nos livros e frases decoradas ou mesmo dentro dos templos religiosos. Falo da vivência no mundo em bases renovadas, agindo como sal e fermento: o primeiro tempera, e o segundo leveda a massa dos filhos da humanidade.
Freqüentemente, observa-se uma tendência de se afastar daqueles que não pensam ou não se comportam dentro de certos padrões. Mas nego pergunta: como essas pessoas se beneficiarão se são excluídas? Como poderão se modificar ou ser estimuladas a fazê-lo, caso julgem necessário, se não há união, se são segregadas e impedidas de participar de experiências enriquecedoras? Por isso nego-velho reafirma a necessidade de aproximação daqueles que não comungam das nossas opiniões ou não rezam o mesmo catecismo.
Esse gesto significa abdicar do exclusivismo e das verdades absolutas e eternas – de qualquer modo, tão distantes do ser humano – para abraçar uma verdade flexível, uma visão pluralista e comunitária. Meu filho estará preparado para isso? Caso não esteja, pense bem, pois essa visão nova é o progresso chegando a passos largos e renovando as fontes do pensamento. Aqueles que permanecerem enferrujados pelo tempo, na vida mental arcaica a que estão habituados, com certeza ficarão para trás na caminhada da vida. A nova geração de homens chega para abalar os alicerces da civilização e criar uma política de fraternidade ampla e cósmica. É a luz da vida a raiar em favor dos filhos do mundo.

PAI ANTONIO DAS ALMAS II

AO ACORDAR

Eleve o seu pensamento a Deus, lembrando que o fato de abrir os olhos e enxergar já é uma bênção divina.

Não mentalize os problemas que você meu filho ou minha filha já sabem que tem, mas sim, vejam com o raiar de um novo dia a oportunidade que necessitam para soluciona-lo dentro do exercício da fé.

Não atribua a Deus a responsabilidade pelos erros que você mesmo cometeu.

DURANTE O DIA

Atravessar um dia é o mesmo que entrarmos em um mar de vibrações, onde os sentimentos criam ondas energéticas de ódio, amor, tristeza, vingança, luxúria etc... E vocês meus filhos andam no meio destas ondas. Vale neste momento nos lembrarmos das palavras de PAULO DE TARSO o apóstolo dos GENTIOS " TUDO ME SERÁ LICITO, PORÉM NEM TUDO ME CONVÉM"

Mantenha o seu padrão vibratório ligado a pensamentos elevados, a propósitos nobres.

Sempre vale lembrar que ao vibrarmos qualquer sentimento para nosso semelhante, nos envolvemos primeiramente nele.

NAS FESTIVIDADES DE ANO

Filhos JESUS nasceu em uma manjedoura, desprovido de qualquer luxo, sob o silêncio da noite!

Na noite em que o mundo comemora o nascimento de Cristo, muitos estão com seus mentais entorpecidos pelo álcool ou exigindo ao máximo o desempenho de seu aparelho digestivo, muitas vezes esquecendo-se do verdadeiro fundamento do Natal que significa nascimento.

Filhos meus, pai velho nas faz apologia as festividades, desde que sejam sadias!

Mas o excesso em qualquer situação deve ser subistituido pelo bom senso.

Pense também como vocês meus filhos desejam entrar o ano, sóbrios ou nem mais sabendo em que planeta vivem.

Lembrem-se que o final é de um ciclo correspondente a um ano e não de uma vida inteira

Pai velho deseja com estes pequenos conselhos meu filhos, não esfriar a festa de cada um, mas lembrar que ainda alguns filhos associam ALEGRIA com LIBERTINAGEM e quando as coisas a nossa volta perdem o controle os danos podem ser imensos.

Lembrem-se O ANO PASSA, HAVERÁ OUTROS NATAIS, mas SUA VIDA E ÚNICA, ao menos no corpo físico!

ALEGRIA COM RESPONSABILIDADE

FESTEJAR, MAS NUNCA ESQUECENDO-SE DO BOM SENSO

PAI ANTONIO DAS ALMAS

história de Pai Cipriano




Vamos contar um pouquinho desta história... Era o primogênito de uma família abastada e nobre. Herdeiro direto do trono daquela tribo, ainda bem jovem, por volta dos vinte anos, forte, saudável e cheio de vida, fui iniciado nos preceitos e conceitos religiosos do meu povo. Logo estava recebendo o "Decá" (autorização para a prática religiosa da minha tribo de origem). Foi um espanto geral! Ninguém quis acreditar. Como um menino daquele conseguira um encargo tão valoroso? Talvez por ser o filho primogênito do Chefe tribal. A partir da minha consagração as coisas começaram a ficar difíceis, Os demais membros da minha comunidade não mais me dirigiam a palavra. O ambiente foi ficando insuportável. Afastado da convivência com os outros irmãos, sofrendo discriminação e recebendo vibrações de ódio causadas pelo imenso despeito dos meus irmãos, preferi me isolar e me entreguei cada vez mais à prática dos meus ensinamentos religiosos. Num dia em que sozinho clamava aos Orixás por minha tribo, quando pedia a doce Mãe Oxum que suavizasse o coração dos meus irmãos, sofri uma terrível emboscada. E num dia cinzento, chuvoso, dia em que a tribo não participava tão intensamente do trabalho em grupo devido ao tempo, fui arrancado à força de minha maloca e levado para um lugar distante da minha Luanda, minha querida Angola... Indaguei todo tempo o que se passava, reivindicando a minha posição de membro da família real. Mas mesmo assim fui levado por uns homens estranhos que me carregaram à força, sem piedade, como se eu fosse um animal e eles os caçadores implacáveis. Ali começou o meu martírio. Mas dor maior senti ao avistar por perto três dos meus sete irmãos de sangue. Nesse momento me conscientizei da terrível traição que sofri e que deitou uma profunda ferida na minha alma.

Amarrado como um bicho, passei três dias amontoado em cima de uma carroça, onde cada vez mais eram colocados negros em grande número, uns por cima dos outros, como se faz com pele de animais. E assim fiquei, por baixo daquele amontoado de infelizes, faminto e sedento. Desespero maior eu senti ao ser retirado da carroça e jogado no porão imundo de uma grande embarcação. Dali por diante nós nos unimos em preces, dor e saudade na longa viagem ao Brasil, terra distante e desconhecida. Maltratado durante a interminável viagem, assistindo com horror cenas que jamais poderia imaginar, vi meus irmãos de raça e de religião sendo esmagados em sua hombridade; vi humilhação e revolta no olhar dos meus irmãos de destino; vi o açoite cortar impiedosamente a carne daqueles que ousavam manifestar a menor reação de revolta; vi corpos jogados ao mar e a peste se alastrar, ceifando a vida de muitos irmãos. Apesar do horror do navio negreiro consegui chegar com vida nesta terra distante chamada pelos seus nativos de Brasil. Clamei a Olodumaré por forças, pois pensei que não aguentaria tanta fome e tanto sofrimento dentro daquela embarcação maldita que me obrigava a tomar água salgada, e de barriga inchada deixei n'África distante minha juventude e alegria.

Aqui chegando, fui levado para uma feira, como as batatas compradas hoje por vocês, e vendido, pelos dentes fortes e bons que tinha, para uma rica família fazendeira de café. Dei duro dia e noite, trabalhando duro nos cangais, sofrendo mais humilhação, mais dor. "Nego Véio" era humilde e obediente e tudo fazia para agradar aos senhores brancos. Logo fui recompensado pela docilidade, passando a trabalhar para Sinhá dona como escravo de dentro, "catiço” de Sinhá. Por isso, "Nego" sofreu novamente a inveja dos irmãos de cor, que passaram a maltratar o "Véio" na senzala, acusando o "Véio" de não mais pertencer àquela raiz. Como estavam enganados! Se "Nego Véio" pudesse, tirava todos das correntes do cativeiro. "Nego Véio" era apenas obediente e manso. Rejeitado por meus irmãos catiços, procurei aprender escondido com Sinhá moça, linda e formosa, as primeiras letras. "Nego Véio" esperto, logo aprendeu a ler e a escrever. Com isso, passei a fazer as anotações da fazenda. Conquistei a amizade do Sinhô e também acabei despertando, por isso, a inveja do capataz da fazenda, que era ruim "por demais”. O caminho de espinhos ainda não estava longe dos pés do "Véio”, e o destino prega nos "fio" umas brincadeiras ingratas. Bonito, jovem, agora letrado, fui me enamorar por quem nunca deveria sequer levantar os olhos: Sinhá Moça! Mas foi impossível não me prender aos encantos daquela jovem formosa, de pele rosa, carinhosa e doce como uma flor sem espinhos. Até os dias de hoje, quando me lembro, suspiro. E como Zâmbi não separa os filhos por cor quando traça o seu destino, a jovem Sinhá também se encantou com a doçura do "Nego". E o que aconteceu vocês já podem imaginar... "Véio" sucumbiu aos encantos da Sinhá e por isso mais uma vez tive o meu destino mexido e remexido. Fui arrancado, numa noite, da minha esteira, levado para um cemitério distante e lá fui abandonado. O feitor me alertou dizendo que dali não poderia mais sair. Que deveria tomar conta de todas as campas, que comesse o que conseguisse plantar e nunca mais aparecaparecesse nem na Casa Grande, nem na senzala. Pois eu traíra a confiança do Sinhô e que ele só não me matava, porque não queria sujar as mãos com o sangue do pai do neto dele. Ali naquele cemitério, isolado e triste, eu vivi até o fim dos meus dias. Distante de quem eu amei, distante do meu povo... Passei a fazer feitiços fortes para o meu povo, que passou a me procurar quando os feitores estavam bravos com eles, quando adoeciam, quando tinham algum problema. Procuravam a minha rega, a minha magia forte. E o sacerdócio recebido na África, acabei exercendo aqui nesta terra, dentro de uma Calunga, onde fui por muitos anos o "Guardião Encarnado”! "Nego Véio" tem consciência de que não sofreu porque era bonzinho. Teve culpa passada e por isso resgatou. Quando retornei à “Pátria Espiritual”, verifiquei que não precisava, se quisesse, reencarnar no planeta Terra. Mas, como a mágoa é péssima companheira e deveria me livrar dela de alguma forma, por misericórdia do Pai a mim foi oferecida a oportunidade de trabalhar na "Lei de Umbanda” para, através da caridade e do amor, depurar esse "tiquinho” de mágoa existente. Certo dia, ao baixar no terreiro, esse “Véio” cantou: "Cipriano Quimbandeiro, chorou no cativeiro. Hoje chora de alegria o Rosário de Maria. Chora, chora, saravando Angola..."

Curimba de força e de fé. Para os filhos que não sabem, Cipriano é convertido na Lei de Deus. Dentro desta pequena história têm várias outras. Mas, o viver na caridade é o mais importante neste momento, fazer o bem sem olhar a quem, em nome de Oxalá. Esta missão permanece com o ”Véio". Que as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Mamãe Oxum, lhes fortaleçam o caminhar. Pai Cipriano, em 25 de setembro de 2003.

Texto de Armando Fernandes

HISTÓRIA DE UM PAI BENEDITO DAS ALMAS

É Pai Benedito das Almas, preto velho mirongueiro!
Existe 7 linhas das Almas para esse preto velho...
Ele foi filho de uma escrava com um branco (um feitor), não era nem negro e nem branco (o que o fazia sofrer discriminação por ambas as partes) e nem tão velho por isso ele anda pouco curvado ,até porque sua linhagem de trabalho é a quimbanda, magia pesada.
Ele cresceu sofrendo muito porque tinha preconceito do branco e dos seus irmãos negros, foi um escravo reprodutor por ser muito forte. Logo depois de alguns acontecimentos como a morte de um feitor foi levado ao tronco e colocado para trabalhar na lavoura, sendo q quando foi à senzala logo adquiriu muito respeito dos seus irmãos, pois começou a curar e ajudar em fugas porque desde pequeno era amante das magias as quais aprendeu com um velho chamado Pai Barnabé que o ensinou desde pequenino a magia como também a luta dos negros (a capoeira).
Desencarnou mais ou menos aos 80 anos de idade, depois de enfrentar o senhor e seus feitores; demorou 45 dias para morrer: sem comer ou beber nada, o senhor da fazenda ficou receioso pelo fato dele não morrer de fome ou sede.
A sua raiva pelo branco o levou na espiritualidade a chefiar grandes falanges de escravos para se vingar do branco..sendo q foi arrebanhado por Barnabé ao trabalho de umbanda e logo percebeu q sem caridade não há salvação e também adquiriu grande respeito, onde ainda vai em umbrais e lugares muito pesados ajudando os espíritos perdidos e guiando a lugares melhores.
É um preto velho de muito conhecimento e poder dado por Deus e por seus conhecimentos antigos e curadores... é um rascunho da grande história q esse velho tem e conta para seus filhos de fé que são muitos.

Pai João de Angola

História de um Preto-Velho VencedorAos 10 anos de idade, num terreiro de Umbanda exatamente no dia 13 de Maio, dava se início a grande jornada de um Preto-Velho que à partir daquele momento seria responsável por muitos. E não se deixou abater com as dificuldades que o esperaria pela frente, nesse mesmo tempo, as dificuldades estavam apenas começando. Deu provas de fidelidade e carinho quando tudo parecia perdido.
Mais prafrente contarei alguns pontos que o fez mais que uma entidade e sim um símbolo de fraternidade.

A História de Pai João do Congo

História de Pai João do Congo
“Saiba, ó filho meu. Que existiu uma época muito distante, um povo entre as diversas raças humanas que passaram, como estrelas espalhadas no firmamento, sábio e culto, filosófico e sonhador. Sonhavam em retornar ao seu lar sidério, situado entre as estrelas da constelação do Cocheiro, e por isso, os mais dotados espiritualmente, insistiam em olhar o céu e suspiravam de saudade.” Naquela região onde hoje se encontra Madagascar, há muitos e milhares de anos. Alto e esguio, de compleição delicada, olhos brilhantes e profundos, Nalmyskar, o sacerdote do templo de Obhaluayê olhava as conjunções do céu para compreender os vaticínios que chegaram através de seus sonhos, com relação aos acontecimentos prestes á desabar sobre seu país. Com seu cajado na mão direita, permanecia de pé ao som do mar e á luz dos espaços infinitos, e assim permaneceu por longas horas, em contemplação silenciosa. Revia o sonho e cada parte triste...o povo inteiro seria colocado á prova por desprezar a grande lei de zambi! E agora os Araxás através de seus sonhos anunciavam a grande sina que se abateria sobre todos como remissão dos pecados...A sabedoria milenar há muito fora deturpada por sacerdotes corrompidos, que se deixaram levar pelos ouropéis e vaidades humanas, patrocinando verdadeiras orgias, descambando para a magia negra.Triste sina de um povo que já foi a aurora de uma civilização grandiosa! Muitos serão banidos, degredados, irão para longe de seus lares, como escravos de uma raça que não tardaria em surgir no horizonte, em busca de conquista e ouro.Famílias inteiras separadas, genocídio, depravação e miséria seria o castigo deste povo orgulhoso e vingativo que ousou contrariar as leis sagradas dos Araxás.a sagrada lei de zambi! Os grandes e brilhantes olhos do sacerdote derramavam copiosas lágrimas, vertidas de seu coração sincero, pois guardava as leis sagradas e vivia de acordo com os mais altos ensinamentos de sua escola de iniciação. Sabia que voltaria para seu lar sidério, para a sua amada estrela situada na constelação do Cocheiro, mas e o seu povo? Voltaria á vê-los? Enquanto assim permanecia, não percebeu sublime Entidade postada á seu lado, que lhe observava com profundo amor e carinho. Uma brisa fresca roçou seu rosto magro e escuro como ébano, e uma voz se fez ouvir, como que vinda da distância que ele mesmo contemplava da sua saudosa estrela“.Nalmyskar! o grande Zambi te abençoa através dos sagrados Araxás! Trago-te a promessa de que, tão logo seu povo sinta o braço pesado e longo do carma, você retornará para cumprir missão junto aos teus mais caros afetos! Numa terra que ainda está por ser descoberta, muito além mar, tu irás voltar para o seio do povo que tanto amas, e assim auxiliá-lo na difícil missão de retornarem aos braços de Zambi, através da dor e do sofrimento. Os Grande Senhores da Aumbhandhã, os Mestres da Luz ouviram tuas preces, pois que tu guardaste a lei de Zambi em seu coração! Retornarás como Guia de uma futura religião que está para nascer nas terras do Cruzeiro do Sul,e inspirarás com teu exemplo de humildade os teus filhos deserdados. Serás conhecido como Pai João do Congo por muitas gerações que te sucederão ao longo da jornada que ora se inicia em tua experiência íntima, e terás a alegria de ver voltar ao aprisco do amor de Zambi muitos de teus filhos desgarrados, que com teu amor, com tua dedicação e humildade irás inspirar aos dias melhores no futuro. Por agora descansa, prepara teu espírito para as horas amargas que se abaterão, logo que a lua mude seu ciclo, para alertar mais uma vez teu povo das severas lições que lhe aguardam! Paz e Luz, Nalmyskar, abençoado dos Araxás!” Com os olhos marejados, e profundamente emocionado, o velho sacerdote retornou a passos lentos em direção de sua aldeia, enquanto a lua, parecia compartilhar com a tristeza do velho ancião.
João B.G.Fernandes